Notícia: Quem cuida de quem cuida: como fica a saúde mental dos professores?

Quem cuida de quem cuida: como fica a saúde mental dos professores?

Praticamente, metade do ano letivo já se passou. Após dois anos de escolas fechadas, neste primeiro semestre de aulas presenciais o cuidado com a saúde mental se mostrou extremamente necessário.

Durante a pandemia, tanto alunos quanto professores passaram por questões desafiadoras: luto pela perda de amigos e familiares, incertezas sobre o futuro, redução da renda familiar, além de uma rotina totalmente nova. Diante desta realidade, relatos de sobrecarga, estresse e ansiedade foram cada vez mais comuns.

No entanto, para além destas questões que afligiram grande parte da sociedade, os professores ainda tiveram um desafio extra: se aproximar dos alunos e motivá-los para voltar a estudar. Em muitos casos, servindo como suporte emocional dos estudantes.

E quem cuida de quem cuida?

Cuidar da saúde mental dos professores é urgente. 57% deles afirmam que gostariam de receber apoio psicológico/emocional para lidar com as diversas condições apresentadas durante a pandemia. O dado é da pesquisa “Desafios e perspectivas da educação: uma visão dos professores durante a pandemia” realizada pelo Instituto Península.

57% dos professores gostariam de receber apoio psicológico/emocional

Para falar sobre formas de acolhimento na escola, o Futura conversou com a Silvia Breim, coordenadora de conteúdo do Vivescer, plataforma digital do Instituto Península que apoia o desenvolvimento integral dos professores.

Mulher branca com cabelos pretos e soltos na altura do pescoço está sorrindo olhando para quem bateu a foto

Futura: Muitos professores estavam se sentindo ansiosos e/ou sobrecarregados durante a pandemia. Como amenizar esses sintomas e tornar a escola um ambiente mais acolhedor?

Silvia Breim: Aqui no Instituto Península, desenvolvemos um protocolo que propõe um acolhimento contínuo ao professor. No Brasil, temos uma enorme diversidade de escolas – ribeirinhas, quilombolas, escolas urbanas e do campo – e, por isso, o protocolo propõe princípios que são flexíveis e ajustáveis a cada realidade. A gente propõe 3 princípios:

  1. Princípio ético: é muito importante que todo mundo tenha voz e vez: Como podemos ouvir esses professores? Como foi a rotina deles durante a pandemia? Passaram por luto? É preciso que a direção da escola faça uma escuta sensível, seja coletiva ou individual. Após esse diagnóstico, a diretoria pode buscar caminhos para resolver as questões levantadas, como conversas com profissionais da saúde mental para acolhê-los.
  2. Princípio estético: não existe resposta pronta. Uma vez que entendemos os problemas da escola, como podemos solucioná-los de forma criativa e colaborativa? Cada escola tem uma realidade e uma riqueza de potências. Talvez um membro da comunidade escolar possa oferecer uma atividade relaxante e de descompressão.
  3. Princípio político: todo mundo tem direito de se colocar, falar e ser ouvido. A participação é em conjunto. É importante pensar em estratégias participativas para ouvir e se responsabilizar. Como a direção constrói caminhos juntos com as suas equipes? São espaços de escuta permanente.
Aspas

É preciso que a direção da escola faça uma escuta sensível, seja coletiva ou individual.

Silvia Breim

Aspas

Futura: Quais os sentimentos que você observa em relação aos professores na retomada das aulas presenciais?

Silvia Breim: Preocupação com a saúde mental dos alunos e com a própria saúde mental, sobrecarga, além da preocupação com a aprendizagem dos alunos. Afinal, trabalhar 3 anos letivos em 1 só com alunos com níveis de aprendizagens tão distintos é muito desafiador.

Devido a este contexto, é urgente pensar no acolhimento de professores e alunos. É importante que haja uma reorganização de toda a comunidade escolar. Um professor sozinho não dá conta dessa complexidade, por isso é importante formar redes de apoio internas e externas.

Aspas

É urgente pensar no acolhimento de professores e alunos.

Silvia Breim

Aspas

Futura: Este ano tivemos muitos alunos de diferentes escolas pelo Brasil tendo crises de ansiedade em sala de aula. Como os professores devem proceder nestes casos?

Silvia Breim: É importante a escola ter redes externas de apoio intersetoriais bem estabelecidas com assistência social e com a rede de saúde. É uma construção que deve ser feita pela gestão. Além de estreitar a comunicação com a família e fazer escuta dos familiares.

Outro tipo de rede que é possível de estabelecer é a rede interna. Ao notar que os professores e/ou alunos estão muito estressados podemos pensar em ações para aliviar esse estresse. Que tal um professor dar aulas de danças para alunos ou professores nos minutos iniciais das reuniões, por exemplo? São problemas que podem ser encaminhados usando os próprios recursos da escola.

Futura: Quais outros recursos o professor pode utilizar para cuidar da sua saúde mental?

Silvia Breim: Acabamos de lançar o curso “Acolhimento e bem estar na sala de aula”, com diferentes orientações de acolhimento com base nos princípios ético, estético e político. O curso é gratuito e foi desenvolvido com base no relato dos professores de 11 redes escolares.

Inscreva-se no curso aqui!

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