Notícia: #MulheresQueMudamAEducação

Carolina de Jesus

Foto da autora Carolina Maria de Jesus

Negra, catadora de papel e moradora de favela, a autora Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914 em Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de pais analfabetos. Frequentou a escola apenas aos 7 anos, mas em pouco tempo aprendeu a ler e escrever, desenvolvendo o gosto pela leitura.

Em 1937, após a morte da mãe, se mudou para São Paulo. Aos 33 anos, desempregada e grávida, mudou-se para a favela do Canindé, na zona norte da capital paulista. Trabalhava como catadora de papel e, nas horas vagas, registrava o cotidiano da favela em cadernos que encontrava no material que recolhia. Foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas e um desses diários deu origem ao primeiro livro da autora Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. Hoje é uma referência literária sobre a vida na periferia e o racismo.

Após o sucesso do primeiro livro, Carolina de Jesus mudou-se da favela do Canindé e, três anos depois, publicou o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios. A escritora teve três filhos e morreu no ano de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória. Outras seis obras póstumas foram publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e materiais deixados pela autora. Ao que tudo indica, a história da grande escritora brasileira vai ganhar um filme.

Clarice Lispector

foto da escritora Clarice Lispector

Outra mulher de trajetória inovadora foi Haia Pinkhasovna Lispector. Nascida na Ucrânia, Clarice foi naturalizada brasileira, e aqui alterou seu nome. Filha de Pinkouss e Mania Lispector, a escritora tem origem judaica e na época em que nasceu seus pais fugiam da perseguição ocorrida durante a Guerra Civil Russa, entre os anos de 1918 e 1921.

Ao chegar ao Brasil com apenas dois meses, foi morar em Maceió e depois Recife. O gosto pela escrita começou cedo, assim que aprendeu a ler, aos 7 anos. Clarice era estudiosa e tinha conhecimento em várias línguas. A morte da sua mãe, em 1930, marcou a vida e a literatura da escritora, que colocava o sofrimento em seus textos.

Aos 15 anos, no Rio de Janeiro, cursou a Escola de Direito na Universidade do Brasil, mas não se identificava com o curso: a literatura era sua grande paixão. Seu primeiro conto, Triunfo, foi publicado na revista “Pan” em 1940. Dois anos depois teve seu primeiro registro profissional, quando trabalhou como redatora do “A Noite”. Foi nessa época, em 1943, que publicou seu primeiro romance Perto do coração selvagem. Pelo livro, recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Clarice trabalhou na Agência Nacional e casou-se com Maury Gurgel Valente, diplomata brasileiro, o que os fez morar em diferentes países, como Estados Unidos, Itália, Suíça e Inglaterra. Na Itália, atuou como assistente voluntária da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Teve dois filhos enquanto morou fora do Brasil.

Uma das escritoras mais aclamadas da literatura modernista brasileira, a geração de 45, Clarice era conhecida no meio intelectual e convivia com grandes personalidades como Samuel Wainer, Rubem Braga e Fernando Sabino. Marcado pelo estilo inovador, e escrita intimista, introduziu características novas à literatura nacional. Seus textos colocam em foco o inconsciente, em que os sentimentos e sensações dos personagens são muito importantes. A representação do pensamento não é feita de forma linear, é livre e desordenada. Por “Laços de Família”, uma de suas obras mais aclamadas, recebeu o Prêmio Jabuti.

Zilda Arns

foto da médica Zilda Arns

Zilda Arns Neumann nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina, em agosto de 1934. Descendentes de alemães, era irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Apesar da resistência paterna, estudou medicina na Universidade Federal do Paraná e especializou-se em pediatria, saúde pública e sanitária.

Casada aos 21 anos, teve seis filhos e foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O trabalho foi fundamental para reduzir a mortalidade infantil, levando Zilda Arns a receber a indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2006. O programa se expandiu e alcançou 72% do território nacional, além de vinte países na América Latina, Ásia e África.

Zilda Arns participou de eventos, realizou palestras, acompanhou comitivas da pastoral, um trabalho que mudou o destino de milhões de crianças. Em 2010, ela foi a Porto Príncipe, no Haiti, onde faria uma palestra sobre seu trabalho para um grupo de religiosos haitianos. Após o fim da palestra, o terremoto atingiu a cidade e o prédio em que Zilda e os religiosos estavam. O corpo da médica foi levado para Curitiba, transportado em carro aberto e aplaudido por uma multidão que se despedia.

Sua vida foi marcada pela luta contra a mortalidade infantil, desnutrição e violência em ambiente doméstico e comunitário. Zilda Arns foi três vezes indicada pelo prêmio Nobel da Paz, por suas ações em favor da comunidade carente. O trabalho da médica e sanitária serviu de modelo para vários países, como Angola, Moçambique e Filipinas.

Rachel de Queiroz

foto de Rachel de Queiroz,  primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras em 1977

Rachel de Queiroz nasceu na capital cearense, Fortaleza, em 1910. Filha de intelectuais, Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, era descendente da estirpe dos Alencar – sua bisavó materna era prima de José de Alencar.

Aos 7 anos, muda-se para o Rio de Janeiro fugindo da seca de 1915, que mais tarde viria a relatar em sua primeira publicação. Após residir também em Belém do Pará, retorna ao Ceará, onde se torna aluna interna do Colégio Imaculada Conceição. Com apenas 15 anos de idade, forma-se professora de História em 1925.
Aos 20 anos, publica seu primeiro romance, O Quinze. Nessa obra, a escritora retrata a seca de 1915 no nordeste do país e a realidade dos retirantes nordestinos. O livro recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha. A autora projetava-se cada vez mais na vida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundo social, na luta contra a miséria.

Em 1927, após uma publicação com o pseudônimo “Rita de Queiroz” no Jornal do Ceará, Rachel é convidada para ser redatora efetiva no jornal. Nele, começa a publicar diversas crônicas e a trabalhar como repórter. Casou-se duas vezes, mas não teve filhos.

Nesse momento, Rachel de Queiroz passa a publicar diversos romances e mais de duas mil crônicas, que lhe conferem mais premiações, como o Prêmio Camões e Prêmio Nacional de Literatura de Brasília. Aos 92 anos, a autora falece em casa, no Rio de Janeiro.

Ajude o Telecurso a evoluir

O que você achou desse conteúdo?