1% dos mais ricos ganham 38,4 vezes mais renda do que 50% mais pobres
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A pandemia escancarou a desigualdade de renda no Brasil. Os dados da "Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Rendimento de todas as fontes 2021 (IBGE)" mostram em números essa disparidade.
Em 2021, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% mais pobres. Essa diferença piorou em relação a 2020. No primeiro ano da pandemia, o rendimento médio mensal das pessoas do grupo de 1% mais ricos correspondia a 34,8 vezes o rendimento dos 50% mais pobres.
“Esse dado mostra o quão desigual é o nosso país: poucos ganham muito, e muitos ganham muito pouco.”, analisa Felipe Santos, Analista de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.
Pior rendimento domiciliar per capita desde 2012
Nós atingimos o menor nível da série histórica de rendimento domiciliar per capita em 2021. A renda média por pessoa passou de R$ 1.454 (2020) para R$ 1.353 (2021), como mostra a tabela abaixo:

No gráfico podemos ver o grande abismo existente entre o rendimento médio das regiões mais ricas e as mais pobres. A desigualdade é evidenciada nas regiões Nordeste e Norte, que possuem renda per capta de R$ 843 e R$ 871, respectivamente. Quase a metade do rendimento médio das regiões Sul (R$ 1.656) e Sudeste (R$ 1.645).
Nordeste possui menor rendimento médio mensal domiciliar per capta (R$ 843)
Além de possuírem o rendimento per capita abaixo da média nacional, as regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram as maiores quedas de renda entre 2020 e 2021: “Entre 2019 e 2020, a queda só não foi maior devido ao auxílio emergencial, que teve um papel fundamental no combate a desigualdade de renda.”, pontua Felipe.
O percentual de pessoas com algum rendimento, de qualquer tipo, também caiu: de 61% para 59,8%, retornando ao percentual de 2012, o menor da série. Houve redução em todas as regiões, principalmente no Norte.
O Sul (64,8%) continua com a maior estimativa, como aconteceu em todos os anos da série histórica. As menores são nas regiões Norte (53,0%) e Nordeste (56,3%).

Desigualdade cresce
A pesquisa também mostra a desigualdade de renda no país em 2021. Após relativa estabilidade em 2019 (0,544) e queda em 2020 (0,524), o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa aumentou em 2021, voltando ao patamar de dois anos antes (0,544).
A escala do índice Gini varia de 0 (distribuição mais igualitária) a 1 (distribuição mais desigual). Quanto maior o Gini, maior a desigualdade.

Entre 2020 e 2021, a desigualdade aumentou em todas as regiões, sobretudo no Norte e no Nordeste. Essas regiões foram as que mais tiveram impacto positivo do auxílio emergencial no PIB, e podem ter sido as mais afetadas com as mudanças do programa ocorridas em 2021.
A queda do rendimento mensal por pessoa foi disseminada entre as classes, porém foi maior entre as faixas com menor rendimento. Entre os 5% de menor renda (R$ 39) caiu 33,9% e entre os de 5% a 10% (R$ 148) caiu 31,8%. Já entre o 1% com maior renda (R$ 15.940) caiu 6,4%.