Representatividade trans é tema do Debate
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No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o Debate recebe o ator Tarso Brant.
O Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis. De acordo com a pesquisa da Transgender Europe, de cada 10 assassinatos de pessoas transgênero no mundo, quatro acontecem no país. A estatística reafirma o que muitas pessoas desse grupo já sabem: ainda hoje, os direitos e a existência delas seguem em risco. Por isso, para o programa deste 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o Debate convidou o ator Tarso Brant para falar sobre a representatividade trans.
No programa, apresentado pelo jornalista Cristiano Reckzeigel, assuntos como direitos básicos, acesso à educação, espaço no mercado de trabalho e preconceito se misturam ao compartilhamento das vivências do próprio Tarso e dos debatedores que participam do episódio.
“A vida de pessoas no meio da diversidade LGBTQIA+ é duas vezes mais difícil do que a rotina de qualquer pessoa que já está inserida na sociedade e é aceita por ela. O esforço que você faz para arrumar trabalho, estudar, ter uma qualidade de vida, saúde...tudo isso você enfrenta barreiras sociais. As barreiras que você enfrenta, a gente enfrenta duas vezes mais. Desde criança a gente já é oprimido pela sociedade e luta para se auto afirmar”, explica Tarso.

A falta de dados oficiais sobre a população trans no Brasil também é mais um obstáculo para que políticas públicas possam ser pensadas e colocadas em prática. Segundo uma estimativa divulgada pela Revista Nature, há quatro milhões de pessoas trans no Brasil, o que corresponderia a 2% da população do país.
“O que você faz para ter uma qualidade de saúde? Você vai a um posto, não tem o atendimento apropriado. Você não tem a ciência, que é utilizada para pesquisas em outras áreas, a favor de pessoas trans, no seu desenvolvimento, no seu tratamento em qualidade de vida e saúde. Você não tem escolas aptas que possam ensinar gênero e orientação sexual, separando e dividindo os temas, para que as crianças tenham, desde cedo, a liberdade de entender o que é gênero”, defende o ator.
Debatedores ativistas da causa LGBTQIA+
Para falar sobre a representatividade trans, o programa recebe, no elenco de debatedores, Jaqueline Gomes de Jesus, professora doutora em psicologia e primeira mulher trans a chegar no doutorado da Universidade de Brasília; Dani Balbi, professora doutora em ciência da literatura e primeira mulher trans negra a lecionar na UFRJ; e Renan Quinalha, professor de Direito na Unifesp e ativista de Direitos Humanos. Renan também é autor do livro Movimento LGBTI+: Uma breve história do século XIX aos nossos dias.

No Debate, a professora Jaqueline faz uma importante reflexão (e provocação) sobre o paradoxo que envolve duas realidades: a violência contra corpos trans e o alto consumo de pornografia transsexual.
“O Brasil é o país que mais violenta e mata pessoas trans no mundo, particularmente as travestis e mulheres trans. É o primeiro em termos de transfeminicídio. E é um país que, em termos de consumo de pornografia, consome fortemente pornografia ligada aos corpos trans. O mesmo país que mata, é o que explora sexualmente. A imagem do Brasil na Europa e nos Estados Unidos, principalmente ligada à população trans, é de um país que exporta os corpos das mulheres trans e das travestis. Então é uma relação hipócrita”, destaca Jaqueline.
Além de ir ao ar no Canal Futura, todos os programas da primeira e da segunda temporadas do Debate podem ser conferidos gratuitamente nas plataformas Globoplay e Canais Globo.
Serviço
Programa Debate – 2ª temporada
· De 3 de maio a 26 de julho de 2022.
· Todas às terças, às 21 horas.
· Disponível também nas plataformas Globoplay e Canais Globo.