Estudantes da Escola Fundação Roberto Marinho se formam no Museu do Amanhã
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Nós, moradoras e moradores de comunidades, podemos ir muito além do que as pessoas acham.
Tauã de Oliveira Silva, 23 anos
Chegou a hora de celebrar! Hoje, 21 de novembro, às 19h, vai acontecer, no Museu do Amanhã, no Rio, a formatura de 130 estudantes da Escola Fundação Roberto Marinho, nos ensinos fundamental e médio. Os estudantes frequentaram as aulas presencialmente e moram nas seguintes localidades: Maré, Del Castilho (Jacaré e Jacarezinho), São Gonçalo e Centro (Providência e Gamboa).
São jovens e adultos com idades que variam dos 15 aos 70 anos, que, pelos mais variados motivos, inclusive por estarem em situação de vulnerabilidade, não puderam completar a sua educação básica. Eles vão realizar o sonho de concluir o ensino fundamental e o ensino médio. Na formatura teremos no auditório o Sr. Bira, que, aos 70 anos, vai receber o seu diploma do ensino médio.
Matriculados nas turmas de 2022 da Escola Fundação Roberto Marinho, esses estudantes encerrarão uma importante etapa em suas vidas. Cento e dois alunos vão se formar no ensino fundamental, e 28 concluirão o ensino médio. A cerimônia vai contar com a participação dos parceiros da Escola Fundação Roberto Marinho, entre eles, Redes da Maré, Vista Capital, Instituto Abraço do Tigre e Rede Cruzada.
Além dos estudantes e suas famílias, já confirmaram presença na formatura o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, a diretora da Redes da Maré, Andreia Martins, a diretora do Instituto Abraço do Tigre, Karla Moreira Ferreira Ribeiro, e a gerente pedagógica da Rede Cruzada, Luana Fonseca. A formatura terá a participação do jornalista da TV Globo, Alexandre Henderson, como mestre de cerimônia, além de uma apresentação especial do grupo Mulheres ao Vento, um projeto de dança antirracista de base comunitária, com foco na produção artística e ativista de mulheres no Complexo da Maré.
O jovem Tauã de Oliveira Silva,23 anos, está muito feliz e ansioso com a proximidade da sua formatura no ensino médio. Morador do Parque União, no Complexo da Maré, ele precisou abandonar a escola para trabalhar e conseguir garantir seu sustento, história que se repete entre muitos jovens, em todo o país. Mas ele prometeu a si mesmo que ia concluir seus estudos para que pudesse dar este orgulho aos pais, que não conseguiram concluir sua educação básica. Durante as aulas, ele acordava cedo, ia para a Fundação Roberto Marinho, onde é Aprendiz Legal, à tarde trabalhava como atendente de papelaria, e à noite seguia para a unidade escolar que a FRM mantém na Maré. “Desistir nunca foi uma opção. Tive a oportunidade da minha vida, ao voltar a estudar. Nós, moradores de comunidades, podemos ir muito além do que as pessoas acham”, afirma Tauã. E ele não vai parar: já está matriculado em um curso que prepara para o ENEM, na Maré.
Ubiratan Martins dos Santos, o Bira, é o mais experiente da turma, com 70 anos, e também um dos mais entusiasmados com a formatura. Depois de 40 anos, decidiu concluir o ensino médio, se matriculou ano passado e está realizado: “Eu melhorei a minha fala, o meu vocabulário, a minha linguagem e o meu conhecimento. Estudar me tirou da mesmice e me senti comprometido com o aprendizado. Expandi as amizades e é uma pena que esteja terminando”, diz ele. O veterano elogia ainda o Prof. João Rafael e o seu empenho em manter os alunos motivados em sala de aula.
Quem vê a Elisângela Araújo Pestana, 50 anos, falando com tanta desenvoltura e simpatia, nem consegue perceber que ela já passou por tantas dificuldades para completar a sua educação básica. Moradora de Santo Cristo, essa maranhense oriunda de uma família de dez irmãos, é casada e tem uma filha de 16 anos, a Giovana, o xodó dela. Hoje faz um estágio na Docas Rio, oportunidade que ela conseguiu por meio da Escola Fundação Roberto Marinho e sonha fazer um concurso público em alguma área relacionada à gestão e logística. Depois de tantas desistências em seu retorno aos estudos, ela encontrou na escola o acolhimento que precisava, quando já estava pensando em desistir. “Foi maravilhoso voltar a estudar, apesar das dificuldades. “Você tem que acreditar em si mesma, acreditar no seu potencial”, afirma a Elisângela. Ela chegou ao Rio aos seis anos, teve muitos obstáculos em seu percurso. Mas hoje, à noite, com seu certificado do ensino médio em mãos, a Elisângela representa um incentivo e tanto para quem quer voltar a estudar. “Quando você tem uma proposta, um sonho, nunca deixe que ninguém o apague”, completa a maranhense com o sotaque mais carioca do mundo.
Mas não são somente os estudantes que estão ansiosos com a formatura. A professora Andrea Ignacio, que dá aulas na unidade escolar da FRM em Del Castilho, demonstra seus sentimentos com um texto que ela escreveu: “Ansiedade e alegria são as palavras que me representam nesse momento que antecede a solenidade da formatura. Ansiosa para ver os estudantes aproveitarem essa oportunidade tão sublime que é a conclusão de uma etapa de ensino. Ah, e eles lutaram muito para chegar ao fim dos estudos. Já até imagino os rostinhos deles. A alegria já antecede ao dia da formatura", diz Andrea. E complementa: "Sinto-me alegre por fazer parte do processo de ensino e aprendizagem, por estar compartilhando com elas e eles a alegria da conclusão de uma etapa da vida acadêmica. Estou alegre por finalizar um ciclo lindo de muita troca e transformação".
A Escola Fundação Roberto Marinho adota a Metodologia Telessala - Incluir para Transformar, que tem como base o Telecurso e cuja formação se dá em dois anos. “Nossa metodologia é muito atrativa, porque faz o estudante perceber que pode desenvolver outras habilidades, além das habilidades acadêmicas, e confirma que eles têm capacidade de seguir e superar os desafios do passado e do presente”, reforça Heloísa Mesquita, Gerente de Implementação do Laboratório de Educação da Fundação Roberto Marinho, que acrescenta: “Toda formatura é emblemática, pois representa o encerramento de uma trajetória de sucesso. Em algum momento de suas vidas, nossos alunos interromperam seus estudos e a conclusão dessa trajetória é motivo para festejar”.
“Oferecemos escolaridade básica de qualidade e atuamos na solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem. É uma grande honra e alegria possibilitar a realização do sonho de muitos alunos, que era estudar e melhorar o seu futuro”, revela Renan Carlos Silva, Diretor da Escola Fundação Roberto Marinho.
Sobre a Escola Fundação Roberto Marinho
Criada em 2011, a Escola Fundação Roberto Marinho utiliza a metodologia do Telecurso e já formou cerca de 1.800 estudantes no ensino fundamental e no ensino médio. A proposta é atender estudantes que não conseguiram concluir a educação básica no tempo certo ou estão fora da escola.
As aulas são presenciais e com atividades on-line. No Rio de Janeiro, a Escola Fundação Roberto Marinho está presente no Centro, no Complexo da Maré, em Del Castilho e São Gonçalo, com idades que variam entre 15 e 70 anos.
Sobre o Telecurso
O Telecurso é uma tecnologia educacional, reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e mais de 1,6 milhão de estudantes já conseguiram terminar seus estudos por ele. Outros 40 mil professores se formaram pela metodologia do programa, que valoriza a construção coletiva do conhecimento e a autonomia, utilizando os melhores recursos da comunicação para promover a educação.