Notícia: Como cuidar da saúde mental em tempos de pandemia?

Como cuidar da saúde mental em tempos de pandemia?

Debate desta terça-feira (10/11) traz uma discussão sobre saúde mental com a Monja Coen  e o psicanalista Christian Dunker

A pandemia do novo coronavírus tem gerado impactos negativos na saúde mental dos indivíduos. Essa é a opinião de mais da metade (51%) das pessoas consultadas em uma pesquisa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), realizada em sete países.

Quatro mulheres estão de máscara de prevenção à covid-19 e praticando yoga em cima de seus respectivos tapetes de ginástica
Casos de depressão dobraram e de ansiedade aumentaram 80% no Brasil somente de março a abril. (Foto: AFP)

No Brasil, um levantamento realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 23 estados, revelou que os casos de depressão haviam dobrado e os de ansiedade e estresse aumentado em 80%, somente no período entre março e abril deste ano. O Debate desta terça-feira (10/11) traz um panorama da saúde mental em 2020, com as participações do psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP Christian Dunker e da Monja Coen, monástica do zen budismo japonês Soto Shu no Brasil.

A migração do trabalho presencial para o trabalho remoto foi uma das grandes mudanças que ocorreram na pandemia. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que existe uma associação entre sintomas físicos das pessoas trabalhando em home office —como dor no corpo, fadiga e cefaleia— e estados de humor e vitalidade mais baixos.

A mesma pesquisa indicou que quase metade dos respondentes (45,3%) apresentou baixo nível de bem-estar e saúde mental.

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A tentação de sair de uma tela e entrar em outra é muito grande e isso faz muito mal para a saúde mental. É preciso repensar a relação entre saúde mental e trabalho urgentemente


Alerta Dunker em entrevista ao Debate

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A Monja Coen acrescenta que a casa, que era um lugar de descanso, de repente passou a ser um lugar de trabalho, o que deixou todos muito conturbados.

Homem branco de camisa social olhando seriamente para quem bateu a foto
O psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP Christian Dunker é um dos convidados do Debate. (Foto: Acervo Pessoal)

A dor da perda

Além das mudanças nas rotinas familiares e no trabalho, as pessoas também precisaram lidar com a dor da perda de amigos e entes queridos que foram contaminados pelo novo coronavírus. É claro que os nascimentos e mortes fazem parte do ciclo da vida e acontecem diariamente, contudo, o volume de óbitos por Covid-19 tem sido histórico. No Brasil, até o dia 06/11 mais de 160 mil pessoas haviam perdido suas vidas para a doença. Durante muitos meses, o país registrou mais de mil mortes diárias causadas por infecção pelo vírus. Em escala mundial, já são mais de 1,2 milhão de óbitos.

Somado ao cenário caótico, diversos estados no Brasil impuseram restrições aos velórios das vítimas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, no mês de abril, foi proibida a realização de velórios nos casos em que o falecimento tenha decorrido de Covid-19 ou suspeita de infecção.

Uma jovem mulher branca está deitada em um sofá laranja com as duas mãos no rosto demonstrando alguma tristeza ou desespero. Ela está claramente em uma consulta com a psicóloga, que é uma mulher mais madura ao lado do sofá, anotando algo em um bloco enquanto observa a paciente
Além das mudanças nas rotinas familiares e no trabalho, as pessoas também precisaram lidar com a dor da perda de amigos e entes queridos que foram contaminados pelo novo coronavírus. (Foto: AFP)

“Eu sempre digo que nós não perdemos ninguém. Você convive com alguém que transmitiu coisas tão boas, que a perspectiva de não vê-lo mais, não ouvi-lo mais dá uma tristeza, mas saiba que isso fica em você. Essas coisas boas transmitidas pela pessoa, você dá vida na sua vida. Então não é só lastimar-se pela perda e sim fazer com que essa vida não tenha sido em vão”, ressalta a Monja Coen.

Como se prevenir, quais são os sintomas, como tratar, quando terá vacina, quais são os números de infectados e de óbitos: durante a pandemia, as pessoas também têm precisado lidar com uma enxurrada de informações sobre a Covid-19.

Nesses momentos em que a preocupação e o desespero podem falar mais alto, Monja Coen sugere que as pessoas observem sua respiração, tentem sentar, caminhar, respirar conscientemente, trazer um pouco mais de equilíbrio para o corpo e procurar soluções que não estejam sendo vistas agora. “O desespero é isso, não ver soluções, não ver nada adiante que seja bom, mas é porque ainda não chegou no meio do túnel. Eu digo às pessoas: caminhe mais um pouco, tenha mais resiliência, paciência, e aquilo que você ainda não está vendo, talvez seja porque tem uma curva no caminho, mas quando você chegar na curva, você vai ver que tem uma luz adiante”, aconselha a monástica.

Mulher careca olhando seriamente para quem bateu a foto. Está trajando roupa característica dos monges e um leque fechado está em suas mãos
Monja Coen tem percebido uma maior procura dos indivíduos pelas práticas de meditação e respiração consciente, principalmente por conta da pandemia. (Foto: Acervo Pessoal)

Para Christian Dunker, antes de chegar nesse ponto de desespero, ansiedade e medo, é importante estar sempre atento à saúde mental. “É preciso cuidar da saúde mental antes do sintoma, antes de adquirir um transtorno. É preciso cuidar do sofrimento e isso é uma tarefa de todo mundo”, reforça.

Monja Coen concorda com o colega e conta ao Debate que tem percebido uma maior procura dos indivíduos pelas práticas de meditação e respiração consciente, principalmente por conta da pandemia. “Eu acredito muito na meditação como um processo de autoconhecimento que deve transcender o próprio eu, então é um conhecimento das inúmeras possibilidades da mente humana”, aponta.

O Brasil é um dos países com o maior tempo de escolas fechadas. Cristian Dunker sugere algumas estratégias para que os pais possam ajudar as crianças a lidar melhor com este contexto: “É importante nós ensinarmos as crianças a ficarem em sua própria companhia, a ficarem em solitude, porque sozinhos nós também descobrimos a aventura de estarmos sozinhos e isso pode ser oferecido se nós dermos espaço. Outra circunstância importante é favorecer o brincar e isso já vale como um termômetro para a saúde mental, porque se a criança parar de brincar, isso pode ser um problema”.

Para os espectadores do Debate, Monja Coen, uma estrela das redes sociais, com mais de dois milhões de seguidores no Instagram, deixa uma mensagem para esse momento tão complexo: “A vida tem que ser prazerosa, a vida é gostosa e ela é curta, por que nós vamos fazer dela maçante? Então vamos vivê-la com plenitude e alegria”.

Você confere essas temáticas no Debate apresentado por Cristiano Reckziegel, nesta terça-feira (10/11), às 21h, nas telas do Canal Futura, e disponível também no Futura Play.

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