Artigo: Quem você quer visibilizar?

Neste mês de fevereiro no dia 11, comemorou-se o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, que foi instituído em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas e passou a integrar o calendário de eventos da Fundação em 2019. O evento acontece em diversos países, tendo o objetivo de dar visibilidades a contribuições fundamentais das mulheres nas áreas de pesquisa cientifica e tecnológica.  

Como uma cientista negra, uma das partes mais importantes no meu trabalho foi e é encontrar referências de mulheres e meninas negras na minha área, seja para aprendizado individual ou para compartilhamento. Reconheço que, ainda em 2022, há muita dificuldade para meninas e mulheres na ciência. Mesmo representando metade da população mundial, ainda somos invisibilizadas em diversos contextos. Pensando nisso, este texto será mais a contribuir para visibilidade, ações concretas, reconhecimento que estamos lutando há anos.  

Ao pensar em mulheres e meninas que fizeram e fazem parte da ciência mundial, percebi o quanto avançamos em conteúdos que ajudam a referenciar estas cientistas para todas as idades. Por exemplo, tem uma animação chamada Ada Batista, ela transmitida pela Netflix e conta a história de uma menina negra de oito anos que junto com os amigos do bairro resolve problemas usando a ciência, todos os episódios mostra o processo de descoberta, a curiosidade, a colaboração nas invenções cientificas dos amigos. Aos oito anos, eu não tive uma animação como uma menina preta como protagonista. Mas, aos 16 anos, eu tive uma oportunidade.

Cientistas mulheres em um laboratório

Ou melhor, não sei se foi uma oportunidade ou descoberta, estava eu certa de fazer qualquer curso de computação, eletrônica, tecnologia, mas, tinha dificuldades de ter acesso a cientistas mulheres, mulheres negras sendo mais especifica. Em meio a todas aos atravessamentos da adolescência, decidi criar um diário sobre minhas dúvidas sobre a área, uma delas era sobre ver pessoas negras nela. Pode parecer besteira mas mesmo tendo nascido na época boa da internet e dispositivos, a falta de acesso a informações ainda é um gargalo no brasil. Logo, comecei a pesquisar sobre cientistas negras/negros/negres e anotar no diário. Uma das primeiras cientistas que pesquisei foi a Dona Enedina Alves, primeira engenheira do Brasil, do Paraná. Na época da pesquisa só achei um paragrafo sobre ela, mas registrei este paragrafo. Assim nasceu meu podcast Ogunhe, hoje eu tenho mapeado no caderno mais de 400 cientistas negros/negras/negres, então faltam muitos episódios do Ogunhe pela frente.  

Percebendo hoje as possibilidades em meio às dificuldades de acesso, criação, é possível pensar formas de engajar um presente e futuro diferente para mulheres na ciência, além de tudo que falam sobre diversidade e inclusão. É necessário reconhecer as contribuições das mulheres e meninas da ciência, ainda em vida. É difícil lidar com um mundo que não desconecta e não desliga, é ainda mais difícil lidar com um mundo que não nos reconhece e não nos visibiliza. Quem você quer visibilizar em 2022? Eu visibilizei Ada Batista e Enedina Alves.  

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