Notícia: Educação empreendedora para enfrentar a pandemia

Educação empreendedora para enfrentar a pandemia

Debate desta terça-feira (24/11) traz um panorama do empreendedorismo em 2020 e estratégias para superar a crise

Em abril deste ano, quase 60% das pequenas empresas brasileiras tinham suspendido as suas atividades e mais de 30% precisaram mudar a maneira como funcionavam — de acordo com uma pesquisa do Sebrae, realizada com mais de 17 milhões de pequenos empreendedores.

Uma menina está no caixa de uma mercearia pagando por algo. O caixa e a menina estão de máscaras de prevenção à covid-19
O desafio de empreender na pandemia do Novo Coronavírus. (Foto: Sebrae)

Quais os desafios de empreender na pandemia?

O Debate desta terça-feira (24/11) faz parte das mobilizações pela Semana Global do Empreendedorismo, celebrada entre 18 e 22 de novembro, com discussões sobre o cenário do empreendedorismo em 2020. O programa traz depoimentos de empreendedores que conseguiram enfrentar este momento e empreender na pandemia com ajuda das tecnologias, além de reflexões sobre a importância da educação empreendedora.

Para isso, o apresentador Cristiano Reckziegel conversou com o Gustavo Cezario, gerente de Educação Empreendedora do Sebrae, e com a Cyntia Calixto, professora do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP). Os empreendedores Fausto Rossi, da Widesys, Suzana Salvador, da Bonne Santé, e Luiza Arantes Abrahão, da Cori Saúde, compartilharam suas experiências sobre como tem sido empreender na pandemia. O Debate também entrevistou o Luis Coelho, fundador da Empreende Aí, sobre o contexto do empreendedorismo nas periferias.

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A pandemia escancarou algumas transformações que já estavam acontecendo

Gustavo Cezario

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Uma mulher de branco e máscara de prevenção à covid está tendo sua temperatura testada ao mesmo tem em que esfrega as mãos, possivelmente por ter colocado álcool em gel já. Ela está entrando em uma loja
Nova rotina do comércio durante a pandemia. (Foto: Sebrae)

Ele utiliza as plataformas de e-commerce como exemplo deste cenário, uma vez que elas já existiam antes, mas acabaram se popularizando ainda mais na pandemia. Se antes as pessoas iam até as lojas físicas para adquirir um produto, a necessidade do isolamento social fez com que muitas optassem por fazer suas compras online.
 

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Então, as empresas que já vinham se preparando para o ambiente digital acabaram surfando essa onda e tiveram até possibilidade de crescimento nesse momento. A inovação transbordou para diversos segmentos


explica o gerente de Educação Empreendedora do Sebrae

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Um homem branco de paletó está em frente a um letreiro do SEBRAEI e olhando seriamente para quem bateu a foto
Gustavo Cezario, gerente de Educação Empreendedora do Sebrae (Foto: Charles Damasceno – ASN)

A Bonne Santé, empresa de alimentos naturais, tem vivenciado essa situação durante a pandemia. Suzana Salvador, uma das fundadoras da empresa, conta ao Debate que em um primeiro momento ela ficou preocupada com os impactos da crise sanitária nas vendas, principalmente depois de perceber que as vendas dos alfajores, um dos principais produtos da marca, ficaram estagnadas por alguns dias. Contudo, logo depois, as vendas dos pães integrais cresceram e a empresa resolveu investir na digitalização: passaram a integrar uma plataforma online para varejistas, principal público alvo do negócio, e aumentaram a presença nas redes sociais. O esforço trouxe resultados, e entre fevereiro e setembro de 2020 as vendas cresceram, em média, 35%.

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Nós já sabíamos o caminho das pedras, mas acabávamos não fazendo isso, então a pandemia acelerou isso para nós e para outras empresas


destaca a fundadora

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Mulher branca, de óculos de grau e cabelos soltos está segurando um objeto comprido amarelo, que contém cinco embalagens de alfajor
Suzana Salvador, fundadora da marca Bonne Santé (Foto: Divulgação)

A Widesys, por outro lado, já era uma empresa com uma natureza digital, que viu surgirem oportunidades de negócio por conta da pandemia. A startup oferece soluções tecnológicas para imobiliárias, auxiliando na administração de contratos de locação e no gerenciamento de informações dos clientes. Fausto Rossi, um dos fundadores, conta que eles perceberam que os gestores e proprietários de imobiliárias puderam analisar suas empresas neste período e constataram que a tecnologia era uma ótima ferramenta para enfrentar a pandemia e conseguir conectar locadores, locatários e imobiliárias.

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Independentemente da crise, é importante buscar sempre pela inovação e pela melhora do produto ou serviço que você está oferecendo


Aponta Rossi

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Um homem branco de braços cruzados e camisa preta
Fausto Rossi, um dos fundadores da Widesys (Foto: Divulgação)

Inovação para quem?

A inserção no mundo digital, no entanto, ainda não faz parte da realidade de todas as empresas e a situação é mais delicada entre os empreendedores com menor poder aquisitivo. Uma pesquisa realizada na periferia de São Paulo mostra que, enquanto 75% dos negócios de impacto no Brasil declaram utilizar algum tipo de tecnologia no seu negócio, esse número cai para 57% entre os negócios da periferia. Para Luis Coelho, fundador da Empreende Aí, uma das organizações que elaborou o levantamento, o percentual não é o maior dos problemas.

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A grande questão é: qual tecnologia as pessoas mais privilegiadas estão usando e qual tecnologia as menos privilegiadas estão usando?

Luis Coelho

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Para compreender o cenário do empreendedorismo nas periferias, é importante entender a diferença entre os tipos de empreendedorismo. De acordo com Cyntia Calixto, professora da FGV EAESP, “no empreendedorismo por necessidade, há alterações, adaptações, inovações, em modelos já existentes, geralmente realizadas por uma classe média baixa, em que há uma tentativa de inovar para resolver problemas de seu dia-a-dia. Já no empreendedorismo por oportunidade, tenta-se quebrar paradigmas de negócios, buscando novas formas de atuar, então a tecnologia é um grande pilar”.

Mulher branca, de óculos de grau, cabelos castanhos soltos e caindo pelos ombros está séria olhando para quem bateu a foto
Cyntia Calixto, professora do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV EAESP. (Foto: Divulgação)

Nesse contexto, a Empreende Aí, uma escola de negócios da periferia para a periferia, atua justamente com o objetivo de apoiar os empreendedores com conhecimentos, técnicas e ferramentas para que eles possam melhorar seus negócios e sobreviver a momentos como o atual. De acordo com Luis Coelho, um dos principais diferenciais da organização consiste no uso de uma linguagem adaptada para empreendedores de periferia, em uma metodologia escalável e replicável, e, por se tratar de uma empresa da periferia, eles têm mais facilidade para entrar em outras regiões periféricas.

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A importância da capacitação se dá em mostrar para esse empreendedor que há caminhos a seguir, que não é uma fórmula de sucesso, mas que há um passo a passo para cometer menos erros e perder menos dinheiro com os erros que cometer


Explica o fundador

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Mulher negra sentada e mexendo em papeletas
Empreendedora estuda alternativas para seu projeto. (Foto: Sebrae)

A educação empreendedora também é um dos principais focos do Sebrae. O gerente de Educação Empreendedora da instituição conta ao Debate que somente este ano, o Sebrae recebeu cerca de 2,5 milhões de alunos em seus cursos, um recorde, se comparado a outros anos. Ele também destaca a importância de que esses conhecimentos sejam adquiridos na escola: “a nossa missão é tornar o ensino de empreendedorismo acessível para todos os brasileiros e isso acontece, em grande medida, por meio dos professores. Então, o trabalho do Sebrae começa na formação dos professores e na sensibilização de gestores educacionais a respeito da importância de o Brasil acompanhar a tendência mundial e trazer o empreendedorismo desde a educação básica”.

Homem negro de cabelo cacheado e risonho para quem bateu a foto
Luis Coelho, fundador da Empreende Aí, fala no Debate sobre o contexto do empreendedorismo nas periferias. (Foto: Acervo Pessoal)

A Luiza Arantes Abrahão é ex-aluna de uma escola Sebrae e usou os conhecimentos adquiridos na educação empreendedora para fundar seu próprio negócio. A Cori Saúde oferece um aplicativo de monitoramento de pacientes frágeis, principalmente os idosos, que permite que cuidadores e familiares gerenciem os medicamentos e valores vitais e acompanhem o dia a dia do paciente.

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Qualquer tipo de educação empreendedora é essencial, mesmo para quem não pretende abrir um negócio, uma vez que é possível aprender coisas que as pessoas levarão para suas vidas profissionais e pessoais, no geral


Destaca Luiza em entrevista ao Debate

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A professora Cyntia Calixto acrescenta que o poder público também precisa oferecer condições propícias para que os empreendedores coloquem suas ideias em prática. “Empreender é solucionar problemas, então acho que nós, enquanto Brasil, estamos aprendendo a solucionar esses problemas e a superar barreiras institucionais, para conseguirmos resolver a dor dos nossos clientes e da sociedade”, destaca a professora da FGV EAESP. O gerente de Educação Empreendedora do Sebrae, Gustavo Cezario, reforça que a pandemia trouxe muitos impactos para os pequenos negócios, mas é preciso tentar se reerguer: “as novas oportunidades estão na nossa capacidade de enxergar as mudanças de hábitos e padrões dos consumidores”.

Você confere essas temáticas no Debate apresentado por Cristiano Reckziegel, nesta terça-feira (24/11), às 21h, nas telas do Canal Futura, e disponível também no Futura Play.

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