Notícia: Debate recebe MV Bill para falar da favela que muita gente não vê

Riquezas da favela são tema do Debate

Produção cultural, trabalho e atividades econômicas. Tudo isso tem nas favelas brasileiras. Por que, então, elas continuam sendo representadas pela maior parte da mídia como locais onde só há pobreza e violência? Para falar sobre o valor das favelas e a forma como elas são divulgadas, o Debate convidou o rapper MV Bill para uma conversa no episódio ‘Favela tipo exportação?’.

No programa, apresentado pelo jornalista Cristiano Reckziegel, MV Bill conta a própria experiência como morador de favela, lembra o início da carreira e fala sobre a cultura existente nesses espaços. O rapper, que é nascido e criado na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, também reflete sobre o preconceito e o uso da imagem das favelas no Brasil e no exterior.

“Em muitos momentos a favela é associada, pelo menos aqui no Brasil, a algo negativo, violento. A arte tem feito muito para que essa visão distorcida seja modificada, seja fazendo a pessoa pensar, dançar ou fazendo a pessoa sentir a música”, explica Bill.

À esquerda, o rapper MV Bill, um homem negro, usando calça e camisa de mangas compridas (ambas escuras). À direita, Cristiano Reckziegel, um homem branco, com calça clara e camisa escura.
Cristiano Reckziegel recebe MV Bill no Debate.

A economia também é pauta do programa. De acordo com o Instituto Datafavela, moradores de comunidades movimentam quase 120 bilhões de reais por ano, uma renda maior do que a que circula em 20 das 27 unidades federativas do Brasil (26 estados + Distrito Federal). Durante o Debate, MV Bill destacou a importância de a própria população das favelas consumir e valorizar o que é parte da cultura e da economia locais.

“A gente tem que criar também essa cultura, esse hábito de aprender a consumir o que é feito dentro da sua própria favela. Não só no âmbito cultural, mas na hora de você gastar seu dinheiro também. Eu procuro gastar meu dinheiro no mercado que tem perto da Cidade de Deus, que eu sempre vou, tento comprar as coisas de serviços que eu peço, que eu utilizo, tudo dali da Cidade de Deus mesmo para tentar movimentar a economia local, mas nem todo mundo tem essa visão”, explica o rapper.

Debatedores trazem vivências e percepções

Na equipe de comentaristas do episódio ‘Favela tipo exportação?’, participam Deize Tigrona, cantora de funk que também é cria da Cidade de Deus; Jonathan Ferr, músico de jazz e pianista que veio da periferia carioca; e Vinicius Assis, jornalista correspondente na África do Sul, que traz um olhar comparativo a partir das experiências que teve no continente africano. Deize, que também tenta viver da música que produz, falou sobre as dificuldades que ainda encontra.

“Eu sou uma das artistas efervescentes, estou sempre compondo, mas o mercado antes não é mercado de hoje e também por falta do consumo e investimento no artista favelado. Hoje eu ainda sou gari, não sou uma artista que vive da arte totalmente. Eu faço, mantenho, cultivo a arte, mas o giro capital ainda não chegou para mim”, lamenta Deize.

Todos os programas da primeira e da segunda temporadas do Debate também podem ser conferidos gratuitamente nas plataformas Globoplay.

Três comentaristas têm suas imagens projetadas na sala em que MV Bill e Cristiano Reckziegel debatem
Jonathan Ferr, Deize Tigrona, Vinicius Assis, MV Bill e Cristiano Reckziegel.

Serviço

Programa Debate – 2ª temporada

  • De 3 de maio a 26 de julho de 2022.
  • Na TV: todas as terças, às 21 horas.
  • Na web: nas plataformas Globoplay e Canais Globo.

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