Notícia: Como planejar o retorno às aulas presenciais de forma eficiente?

Como planejar o retorno às aulas presenciais de forma eficiente?

Debate desta terça-feira (20/10) discute como acolher professores, alunos e famílias de forma segura nesta retomada

Depois de cerca de seis meses de escolas fechadas, impactando as vidas de mais de 52 milhões de alunos brasileirossegundo relatório da Unesco –, as discussões sobre o retorno das aulas presenciais se intensificaram nas últimas semanas. Ainda no mês de agosto, o Amazonas foi o primeiro estado no país a reabrir as escolas. Contudo, apenas 20 dias após a reabertura, 342 professores de Manaus testaram positivo para o novo coronavírus, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde do estado.

Imagem das mãos de três crianças prestes a receberem uma dose de álcool em gel
Quais são as medidas necessárias para que seja feito um retorno às aulas presenciais na pandemia de forma gradual e segura? (Foto: Thierry Roge)

Nesse cenário, o Debate desta terça-feira (20/10) discute formas de manter a aprendizagem dos alunos, assegurando a integridade de sua saúde, de suas famílias e dos profissionais da educação.

Para isso, o apresentador Cristiano Reckziegel conversou com a Mariana Breim, diretora de Desenvolvimento Integral do Instituto Península, e com a Carolina Campos, fundadora do Vozes da Educação. O Debate também ouviu a Tatiana Bello, gerente de Implementação do Itaú Social, o João Alegria, gerente do Laboratório de Educação da Fundação Roberto Marinho (FRM), o Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e a Jeannier Costa, professora da rede municipal de Teresina (PI), para entender quais iniciativas têm sido tomadas para enfrentar esse momento de retorno às aulas presenciais.

Com o objetivo de identificar as estratégias utilizadas por outros países no momento da reabertura das escolas, o Vozes da Educação fez um mapeamento desse cenário em países de todos os continentes. A fundadora da organização conta ao Debate que foi preciso que a curva de contágio do novo coronavírus estivesse estável ou decrescente para que houvesse a retomada das aulas presenciais em muitos dos países avaliados.

Na África do Sul, por exemplo, esse retorno ocorreu durante a curva ascendente e foi necessário um novo fechamento. O relatório ainda indica que outros fatores, como a implementação de medidas sanitárias e distanciamento social com bons resultados, uma ótima comunicação e transparência dos governos, entre outros, foram fundamentais para reaberturas bem sucedidas.

Imagem de uma sala de aula vazia sendo imunizada contra a Covid-19 por uma pessoa trajando uma roupa toda amarela, cobrindo 100% do corpo, incluindo usando máscara no rosto inteiro
Na África do Sul, o retorno às aulas presenciais ocorreu durante a curva ascendente e foi necessário um novo fechamento. (Foto: AFP)

“Fechar as escolas foi uma estratégia importante para conter o vírus, mas a quantidade de dias de escolas fechadas acende um alerta, porque as nossas crianças estão entrando em um processo de muita angústia, ansiedade, falta de vontade de fazer as coisas, de depressão, e os nossos jovens entram em um processo de desconexão com a escola e ela é a rede de apoio de muita gente”, alerta Carolina Campos.

A saúde mental dos professores também é uma preocupação neste contexto de pandemia. Mariana Breim explica ao Debate que o Instituto Península tem feito alguns ciclos de pesquisa com educadores brasileiros, para entender como eles têm se sentido diante dessa situação sem precedentes. O último levantamento indica que 64% dos professores estão se sentindo ansiosos na maior parte do tempo, e 53% se sentem sobrecarregados.

“Quem cuida das equipes que serão responsáveis por receber os alunos? Quem cuida de quem cuida?” questiona a diretora de Desenvolvimento Integral da instituição. Breim reforça que é preciso garantir um olhar integral nesse retorno, ou seja, procurar desenvolver outras dimensões além da cognitiva, estabelecendo um olhar mais sistêmico e integral para a educação.

Uma mulher morena está sorrindo e olhando para quem tirou a foto
Mariana Breim (Instituto Península) ressalta que a saúde mental dos professores também é uma preocupação neste contexto de pandemia. (Foto: Acervo Pessoal)

Como reduzir os danos no retorno?

Pensando em orientar as secretarias de educação e as unidades escolares, o Instituto Península elaborou também algumas recomendações para o acolhimento dos profissionais da educação no retorno às aulas presenciais. O documento propõe a distribuição de um questionário diagnóstico para os professores, com o objetivo de coletar informações sobre o enfrentamento à pandemia nas diferentes esferas da vida desses profissionais. Essa escuta serve de base para o mapeamento das ações necessárias para o acolhimento.

A FRM é outra instituição que tem proposto formas de lidar com essa crise, no âmbito da educação, desde o início. João Alegria explica ao Debate que a distribuição e compartilhamento de conteúdo educativo foi uma das primeiras frentes de atuação, a partir do “Estude em Casa”, com três faixas de programação especial no Canal Futura e TVs educativas, do conteúdo cedido ao projeto “Vamos Aprender”, das aulas online preparadas por professores da Escola da Fundação Roberto Marinho, no projeto Classes Abertas, entre outras iniciativas.

Um homem sorridente, de barba e cabelo branco, de óculos de grau e vestindo camisa preta e um blazer preto por cima
João Alegria (FRM) explica que a Fundação Roberto Marinho realizou diferentes projetos de compartilhamento gratuito de conteúdo educativo na pandemia. (Foto: Carolina Arruda)

“Além disso, nós sabemos que trabalhar com educação nesse novo contexto é muito diferente do que era trabalhar com educação antes da pandemia, então a FRM desenvolveu uma formação de professores, técnicos e gestores que já está sendo implementada em parceria com secretarias estaduais e municipais do Brasil”, reforça o gerente do Laboratório de Educação da FRM.

A Undime também tem se mobilizado nesse contexto de retorno às aulas presenciais. O presidente da organização conta ao Debate que foi desenvolvida uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, chamada “Volta ao Novo”. A inciativa tem o objetivo de apoiar as secretarias municipais de educação em relação às competências socioemocionais e suas aplicações, para o acolhimento da comunidade escolar na reabertura das escolas.

Aspas

Nós entendemos que neste momento é importante a acolhida dos professores e, na sequência, quando for possível e, com segurança, fazer o acolhimento socioemocional dos alunos

Luiz Miguel Martins Garcia

Aspas

A Plataforma Polo, do Itaú Social, também destinou uma área específica de formação dos profissionais da educação nesse momento de pandemia. “A plataforma é uma boa forma de apoiar, principalmente, as redes públicas de educação em todas questões relacionadas à pandemia. Então nós produzimos conteúdos referentes às necessidades pedagógicas do atendimento não presencial, e também há conteúdos para pensar nesse planejamento da retomada das aulas presenciais, porque nós sabemos que é um grande desafio”, explica Tatiana Bello, gerente de Implementação da instituição.

Uma mulher branca de silhueta mais larga um pouco. Ela está sorridente e posando para quem fez a foto e está usando um belo colar e blusa branca
Tatiana Bello (Itaú Social) explica que a Plataforma Polo criou uma área específica de formação dos profissionais da educação nesse momento de pandemia. (Foto: Patrícia Stavis)

Mesmo com as discussões direcionadas  para o retorno às aulas presenciais, a ausência da vacina para o novo coronavírus e a dificuldade de conter sua disseminação têm reforçado a ideia do ensino híbrido, que mescla atividades remotas e presenciais.

“Nós dormimos analógicos e acordamos digitais, e os professores viveram essa experiência. Então eu acho que nós vamos ter esse legado, um ganho que nós fomos obrigados a ter. Mas é importante lembrar que a tarefa de educar é uma tarefa relacional, é um processo de humanização, então a tecnologia não é fim em si mesma, ela é o meio”, ressalta Mariana Breim.

Você confere essas temáticas no Debate apresentado por Cristiano Reckziegel, nesta terça-feira (20/10), às 21h, nas telas do Canal Futura, e disponível também no Futura Play.

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